Diário: Odisséia Cultural - Parte III

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Ouvimos nosso último som no Palco Rock e partimos para Av. São João, o principal palco do evento. Gente que não acabava mais, precisaríamos de um Moisés para abrir aquele mar de gente, mas, apareceu um trenzinho de chapados que nos ajudou a penetrar alguns metros a dentro.

Queríamos ter visto o Zé Ramalho, mas o mais próximo que ficamos foi a metros de um telão que exibia o show, telão este que deveria estar a 1km do palco.

Com fome, com sede e frustrados, queríamos sentar em um baba, comer e beber ao grande dia que vivíamos, mas ao pedir um frango a passarinho, o garçom disse que não serviria mais as mesas e que cerveja só no balcão. Demos um tempo por ali, apareceu o mesmo garçom dizendo que precisaria da mesa, nos afastamos um pouco e o moço fechou a mesa na nossa cara.

Com fome, sede, frustrados e sem mesa, andamos um pouco para frente e a nossa Valentina descansou no meio fio da calçada que fica a frente de um restaurante. Em menos de um minuto apareceu um garçom e disse que ela não poderia sentar ali.

Com fome, com sede, frustrados, sem mesa, sem calçada e com o ego abaixo da sola dos tênis, avistamos uma lanchonete fast food “árabe” e, com nos demais estabelecimentos da cidade naquela noite, estava lotado e com seguranças nas portas. Tentando penetrar, o segura disse”_ninguém entraria”, pois não havia água. Diego, nosso herói da noite, insistiu, encarou o guarda-roupa e disse:”_moço, somos quatro, tem lugar?”. Comovido com nosso querido Didi, o segurança pediu para que aguardássemos.

Em instantes, apareceu uma dona com uma cara tão infeliz quanto a nossa,e disse: “_Somos 5”. O Segurança disse. “_Já tem 4 na frente”. A dona disse:”_quem são os 4?”. Com o cú na mão nos apresentamos. Ai a dona disse:”_Ok, vamos para trás dos 4”. ( adicionem ódio, e impaciência na fala da mulher )

Então, conseguimos comer, pedimos uma porção de esfirras, dois kibes, 2 caipirinhas e dois chops.

Faltavam 1:30 para o show dos mutantes, queríamos dormir para segurar as forças. Fomos para o cinema que estava integrado ao evento, ingressos gratuitos pra todo mundo. Pegamos a sessão das 2:00 e fomos para a fila. Assim que nos acomodamos na fila ( para dormir ), O segurança apareceu e disse que só poderiam ficar lá quem fosse ver o filme. Pensamos que iríamos, mas a sessão já estava lotada. Então pegamos ingressos para o horário das 4:00 e saímos.

O jeito era segurar as forças e ver os mutantes com as ultimas energias. Queríamos alugar um quarto para ver de camarote o show.Vimos de longe um néon feioso e entramos neste hotel para verificar valores e, com muito desdenho o tiozinho disse:” _A diária é 123.”. Nós:”_cobra por hora?” Tiozinho:” _Não.”.

Putos, fomos em outro hotel na mesma rua, este era mais bonitinho, nem perguntamos o preço. O saguão era tão arrumado que ficamos por ali mesmo. Por incrível que pareça, foi o primeiro lugar que nos acomodamos e não fomos expulsos. Se nos lembrássemos do hotel, faríamos uma propaganda aqui.

A Valentina descolou um camarote na janela que fica de fronte ao saguão, de cara para o palco, Pegou sua câmera e curtiu o show dali mesmo. Como fã fiel, aceitou a condição.






Fotos: Lorena Lenara